Depois de 35 anos, o narrador especialista em jogos dos clubes paulistas perdeu espaço politicamente na Globo. O sonho de suceder Galvão Bueno virou demissão
Eu estava saindo da sala de Ciro José, diretor de jornalismo esportivo da TV Globo. Ele havia me dado uma entrevista para o Jornal da Tarde. O assunto: monopólio das transmissões de futebol.
Quando estou para ir embora, vejo Cléber Machado. Ele era repórter e narrador da TV Gazeta. Eu o conheço porque também escrevia algumas matérias para o JT.
Ele fica vermelho ao me encontrar. Me chama de lado e fala bem baixinho.
"Cosme, por favor, não escreva que eu vim para a Globo. Preciso falar antes para a TV Gazeta. Quero sair numa boa."
Entendi a situação e garanti que não escreveria nada.
Cumpri o pacto.
Cléber Machado tinha 25 anos.
Já o encontrava em coberturas de clubes e jogos, sempre muito dedicado, estudioso, falante.
Ao longo dos últimos 35 anos, foram várias vezes que nos vimos.
E me chamava a atenção que, ao contrário de Galvão Bueno, cercado sempre por uma trupe de produtores e repórteres, Cléber era discreto. Sozinho, sem ostentação, carregando pastas enormes sobre as competições que iria transmitir.
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